Käthe Kollwitz(1867-1945) é um daqueles seres que passam pelo mundo e fazem questão de deixar sua marca, não por acaso esta artista alemã é até hoje lembrada e admirada como dona de um traço único e de uma expressividade e consciência social ímpar. Nos anos de 1884 -85 Käthe Kollwitz tem seus primeiros ensinamentos de desenho e pintura em Berlim com Karl Stauffer-Bern e depois em Munique em 1888-89 com Ludwig Herterich. Em 1890 fica fascinada pela obra de Max Kingler, dedicando principalmente às artes gráficas, xilogravura, gravura em metal e litogravura, Kollwitz viu na gravura de seu colega uma forma barata de reproduzir seus trabalhos em tiragens e uma técnica poderosa que poderia expressar o caráter social de sua obra, uma de suas principais característica, que já era evidente desde seus primeiros trabalhos, como nas séries: Revolta dos Tecelões (1894–98) e Guerra dos Camponeses (1902–08).
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Gravura em Metal “Marcha dos Camponeses” da série: Revolta dos tecelões, 1893-1897 |
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Gravura em Metal “Campo de Batalha” da Série: A Guerra dos Camponeses, 1907 |
Logo depois em 1891 casa-se com o médico Karl Kollwitz, e vão morar na periferia de Berlim, onde seu marido abre uma Clínica afim de atender pessoas miseráveis. Entre 1892 e 96 nascem seus dois únicos filhos Hans e Peter. O Em 1898 realiza sua primeira exposição em Berlim.
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O Casal Karl Kollwitz e Käthe Kollwitz |
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“Pais de Luto” Escultura para o túmulo de Peter, 1932. Hoje, esta
obra-prima de Käthe Kollwitz está localizada no cemitério de
Vladslo-Braedbosch / Bélgica. |
O ano de 1914 seria marcado em sua carreira artística como em sua vida pessoal, neste ano começa dar aulas de Arte em Berlim, além de ser o início de um dos maiores conflitos bélicos da história a Primeira Guerra Mundial e devido a este evento ela sofre uma grande perda, a morte de seu filho Peter . Este fato mudaria toda sua obra, dando um enfoque maior a maternidade e a mazela das mães que perdem seus filhos.
Assim também como o tema “morte” e o fato de seu marido ser um médico e atender pessoas pobres fez com que Kollwitz tivesse um olhar crítico diante das injustiças sociais.
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Xilogravura “As mães”, 1921 |
Käthe viveu uma fase difícil da história do mundo e do seu país, viveu o período entre as duas Grandes Guerras e o início do século XX. Este período conturbado da história refletiria decisivamente em sua obra, sobretudo nos temas e na carga emocional de suas gravuras, desenhos e esculturas. Poucos artistas tiveram tamanha sensibilidade em tratar de temas como a pobreza, a morte, a classe operária e os males do capitalismo. Em 1917 Käthe Kollwitz celebrou a Revolução Russa e em 1918 a Revolução Alemã, porém logo se desiludiu com o Comunismo Soviético.
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Xilogravura “A vida para os mortos” Em memória de 15 de janeiro de 1919. (Luto pela morte de Karl Liebknecht)l, 1920 |
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Xilogravuras de Käthe Kollwitz |
Sua última grande série foi intitulada Morte(1934-36) , ali produziria litogravuras sobre um tema tão sombrio, mas de uma forma única e bem peculiar do seu estilo. Com a ascensão do nazismo em 1933 Käthe Kollwitz vê todo seus pesadelos tornarem-se realidade, por se tratar de uma artista moderna, mulher e ainda mais socialista. Kollwitz acaba sendo perseguida e levada a pedir demissão de onde lecionava a Academia Prussiana de Artes(Preußische Akademie der Künste), cargo que tinha desde 1920 quando foi a primeira mulher a dar aulas naquela academia. Devido ao respeito que Kollwitz tinha e prestígio internacional ela não foi presa. Em 1940 seu esposo Karl Kollwtiz falece e em 1942 novamente vê um ente querido morrer na guerra, seu neto tomba em combate, e no ano seguinte 1943 seu estúdio é transformado em ruínas e muitas de suas obras são perdidas após um terrível bombardeio, algumas semanas antes de acabar a Segunda Guerra Mundial em 22 Abril de 1945 Käthe Kollwitz deixa este mundo.
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Mãe com menino nos braços, 1916 |
Toda obra de Käthe Kollwitz tem uma dramaticidade que refletiu o olhar desta mulher sob as classes trabalhadoras e os menos favorecidos, ela produziu ao longo dos anos xilogravuras, litogravuras, gravuras em metal e desenhos a carvão, predominantemente monocromáticas, em alguns trabalhos vemos o uso de cor, mas com bastante cautela. Além de artista gráfica, Kollwitz era uma grande escultora, realizando alguns trabalhos notáveis, como as duas esculturas em posição de luto, dedicado ao túmulo de seu filho Peter. Apesar de muitas de suas obras transmitir um pessimismo e ter uma visão aterradora do mundo, vemos também imagens de ternura e muitas vezes até de esperança.