Fluxus: A Antiarte e o Absurdo


Quando se fala a palavra FLUXUS no mundo da arte, logo se vem a ideia de rompimento e absurdo, existe apenas uma figura e um movimento que podem fazer paralelo com ele: Marcel Duchamp e o Dadaísmo.  Todos os artistas que integravam ou seguiam suas ideias, sentiam um anseio de romper com a tradição artística, muito mais que os artistas modernos. Não se observava uma tela e imaginava aquilo como algo sagrado, muito pelo contrário, o Grupo Fluxus representava o profano.

Performance, Fluxus Internationale Festpiele Neuester Musik em Wiesbaden(Alemanha),1962

Fluxus inicialmente era o nome de uma revista e se tornou o nome de um Grupo de artistas liderado pelo performer George Maciunas(1931-1978). Em 1962 durante um Festival de Música, aconteceu o primeiro evento deste grupo e a primeira a primeira performance intitulada Fluxus liderada por Maciunas e sua trupe, ocorreu na cidade de Wiesbaden na Alemanha, onde Maciunas trabalhava como projetista na base da Força Aérea Americana.  Não existia uma pátria para este grupo, apesar dele ter surgido na Alemanha, mas diversos artistas de diferentes nacionalidades e linguagens diferentes formavam este coletivo. Haviam artistas que trabalhavam com artes visuais, dança, música e até cinema. Entre seus participantes além do lituano-americano Maciunas, estavam o francês Robert Filiou(1926-87), o italiano Ben Vautier(1935); os norte-americanos George Brecht(1926-2008),  Dick Higgins(1938-98),  Robert Watts (1923-1988), Emmett Williams (1925-2007); o coreano Nam June Paik(1932-2006); os japoneses Shigeko Kubota (1937), Takato Saito(1929), Yoko Ono(1933), o britânico Robert Watts(1923-88), o norueguês Per Kirkeby(1938-2018), o sueco Erik Andersen(1940) e os alemães Wolf Vostell (1932-1998) e Joseph Beuys (1912-1986).

Performance “Coyote”  de “Joseph Beyus”. O artista ficou num quarto juntamente ocupado por um Coyote selvagem, durante 3 dias,  8 horas por dia, em Nova York, 1974

O movimento Fluxus foi uma extensão do movimento Neodadá dos anos 60, como seus membros o viam. Não existia diferença entre a arte e a vida, no sentido de criar, e até o âmbito do mercado de arte, realizando obras com valores acessíveis para sua democratização.

Além dos músicos que integraram este grupo, outros membros beberam da fonte da música conceitual de John Cage(1912-92) e do seu princípio de que “tudo é possível” e do romper da barreira da ARTE e da NÃO ARTE. A influência de John Cage aumentou quando ele viajou a Europa entre 1958-59 apresentando sua música repleta de ruídos tirada de objetos do cotidiano.

“As Slow as possible” é um trabalho do músico conceitual John Cage, onde um orgão está programa para tocar durante 639 anos ininterruptamente

Muitos conceitos da arte contemporânea e modalidades se não foram criados a partir do FLUXUS foram muito difundidos  e explorados, como a performance e o happening. Performance e Happening são duas modalidades das artes visuais que tem estreitas relações com o Teatro, seja pelo fato da atuação ou pela improvisação. A diferença entre ambos é que a performance é algo mais planejado e acontece em locais fechados sem a participação do público, já o happening (acontecimento em inglês) é algo imprevisível e acontece um lugares externos e tem a participação do público.

A Arte Postal (mail art)  se desenvolveu neste período sobretudo na figura de Ray Johnson(1927-95) artista que trabalhava com colagem e a partir da década de 50 começou a enviar seus desenhos para outros artistas ao redor do mundo. Johnson concretizou um dos objetivos do Fluxus que era a democratização e globalização da arte. Até hoje muitos artistas usam este meio como forma de difusão e trocas de seus trabalhos

Arte Postal de Paulo Bruscky

No Brasil embora não tenha nenhum integrante oficial do Fluxus temos um nome de destaque que seguiu sempre fiel a suas ideias e o conceito de Antiarte o pernambucano Paulo Bruscky(1949).  Nos anos 70 a arte postal se tornou muito popular entre artistas de várias partes do mundo, foi aí que Bruscky desenvolveu seu trabalho de poesia visual e na arte com xerox.  Foi um artista muito prolífico nas linguagens híbridas e conceituais, realizou performances, intervenções, videoartes e videoinstalações.  Bruskcy foi uma importante figura na renovação das artes visuais em Recife e na América Latina, seu trabalho questionador sempre traz reflexões sobre a própria arte e também temas políticos.